Temário das Sessões Especiais
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A pluralidade das questões científicas relacionadas à água tem motivado o desenvolvimento interdisciplinar da hidrologia. Assim, o desenvolvimento da hidrologia hifenada, tais como eco-hidrologia e hidrogeologia, tem sido ampliado. A socio-hidrologia é um exemplo de hidrologia hifenada proveniente da interdisciplinaridade com as ciências sociais. A socio-hidrologia tem como objetivo entender a dinâmica e a coevolução do sistema ser humano-água e vem sendo reforçada pela atual Década Científica 2013 – 2022 Panta Rhei – Everything Flows promovida pela International Association of Hydrological Sciences (IAHS). Diante da ascensão dos estudos socio-hidrológicos, observa-se a necessidade da comunidade brasileira de recursos hídricos adentrar nesta discussão.
O Brasil se destaca por sua diversidade de recursos hídricos e por sua pluralidade social e cultural. Portanto, é necessário debater sobre as potencialidades e os desafios associados à socio-hidrologia. Essa sessão tem como objetivo reunir profissionais interessados na interdisciplinaridade entre a hidrologia e as ciências sociais, bem como em pesquisas com destaque à participação social. São esperados trabalhos que incorporem aspectos representativos da sociedade e utilizem conhecimentos provenientes das ciências sociais.
As contribuições abrangem, mas não estão restritas, aos seguintes tópicos:
Atenta-se que essa sessão tem por objetivo central proporcionar o debate sobre o desenvolvimento da socio-hidrologia como uma ciência interdisciplinar, cujo objeto de estudo se refere à interação bidirecional entre a sociedade e a água.
A sessão técnica terá como objetivo discutir as principais interseções, desafios e potenciais na inclusão de gênero na GIRH. A partir da década de 1990, o tema passou a ser cada vez mais discutido em reuniões e conferências internacionais sobre água com discussões atuais como os impactos profissionais, políticos e sociais causados pelo acesso insuficiente ou falta de água e saneamento básico na vida das mulheres. Esse campo tem ampliado suas fronteiras, principalmente após a conferência de 1992 em Dublin, a qual marcou o início do debate internacional das águas, destacando o papel importante das mulheres na participação e gestão das águas.
“Princípio N° 3 – As mulheres desempenham um papel central no fornecimento, gestão e proteção da água. Este papel central das mulheres como provedoras e usuárias da água e guardiãs do ambiente em que vivem raramente têm sido refletidos nos arranjos institucionais para o desenvolvimento e gestão dos recursos hídricos. A aceitação e implementação deste princípio exigem políticas positivas para atender às necessidades específicas das mulheres e equipar e empoderar mulheres para participar em todos os níveis nos programas de recursos hídricos, incluindo a tomada de decisões e implementação, de maneira definida por elas mesmas”.
Para além da democratização dos recursos hídricos, esses direcionamentos visam compreender em profundidade o papel das mulheres na gestão da água como caminho fundamental para o alcance da eficiência e qualidade integral da bacia hidrográfica como um todo. No cenário nacional, muitos estudos estão sendo desenvolvidos por acadêmicas de diversos campos da ciência os quais lançam luzes ao tema, como por exemplo, Matos et al (2020); Rosa e Guarda. (2019); Soares, D. N (2015); Soares, D. (2006). As possibilidades de contribuições para a discussão se amparam em diferentes áreas do saber e se refletem em vertentes de investigações como as seguintes:
Os serviços ecossistêmicos ligados aos recursos hídricos promovem diversos benefícios como o suporte às atividades econômicas em áreas rurais e urbanas devido à manutenção da disponibilidade hídrica, garantindo a produção de alimentos e energia. Portanto, os serviços ecossistêmicos devem ganhar mais importância na ótica do nexo água-alimento-energia (“NEXUS”). Atualmente, dados hidrológicos dos diferentes ecossistemas estão sendo quantificados com maior acurácia e abrangência espacial, apesar de ainda existirem lacunas e incertezas associadas às características de ambientes naturais. Paralelamente a isso, até 2050 a população mundial deva atingir mais de 9 Bilhões espera-se que a produção global de alimentos aumente em 70%, sendo boa parte dessa produção projetada para ocorrer em áreas brasileiras. Para produção de mais alimentos será necessário uso de mais água e energia, que estão intrinsicamente ligadas com os serviços ecossistêmicos. Essa ligação é conhecida como o nexo água-alimento-energia. Nesse cenário ainda existe a incerteza dos efeitos das mudanças climáticas e de uso e cobertura do solo sob os processos hidrológicos. Assim, conciliar o uso eficiente dessa conexão é um dos grandes desafios a serem superados no Brasil. Portanto, as relações entre o “NEXUS” e os serviços ecossistêmicos ligados aos recursos hídricos desafiam os pesquisadores na elaboração de abordagens para um entendimento integrado e interdisciplinar do assunto. Tendo isso em mente, nós convidamos contribuições originais com foco nas seguintes áreas relacionadas ao “NEXUS”: (1) impactos, adaptações e proposições sobre os efeitos das mudanças climáticas e de uso e cobertura do solo nos fluxos hidrológicos; (2) formas inovadoras de caracterizar e estimar fluxos hidrológicos em múltiplas escalas; (3): como entender processos hidrológicos considerando coevolução a fim de identificar as bacias mais vulneráveis e resilientes, a partir de mudanças globais ou regionais; e (4): estudos que explicitem a relação entre os ecossistemas e os processos hidrológicos (instrumentação, modelagem, técnicas ou monitoramento).
Os instrumentos de gestão são a ponta da lança do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Brasil (SINGREH), responsáveis por materializar políticas públicas voltadas às soluções que reflitam os anseios e objetivos da sociedade na alocação de um recurso escasso, cuja disponibilidade é incerta e variável. Neste contexto, a efetividade da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) depende da efetividade dos seus instrumentos, o que inclui tanto aqueles da Lei 9.433 (outorga, cobrança, planos, enquadramento e sistema de informações) quanto outros dentro das práticas de gestão no SINGREH (marcos regulatórios, alocação negociada, dentre outros). Ao mesmo tempo, a implementação destes instrumentos ainda enfrenta diversos gargalos, seja por fragilidades na estrutura de governança, na sustentabilidade financeira do sistema de gestão ou ainda pela falta ou insuficiência de integração entre os próprios instrumentos. Como a água é o fio condutor do desenvolvimento, diversas políticas, programas, projetos e outras iniciativas fora do circuito da gestão de recursos hídricos trazem reflexos (positivos e negativos) para a mesma, seja no desenvolvimento urbano, agrícola, energético ou ainda na proteção ambiental. A melhoria na gestão de recursos hídricos nesse contexto requer instrumentos de gestão mais efetivos, o que é conseguido não apenas melhorando os instrumentos individualmente, mas também tornando-os mais integrados com os demais instrumentos do SINGREH e de outras políticas públicas, como por exemplo o Estatuto das Cidades, a Política Nacional do Meio ambiente, a Lei de Diretrizes do Saneamento e a recente Lei aprovada de Pagamento por Serviços Ambientais. Alguns destes gargalos já vêm sendo contornados por iniciativas diversas, seja partindo dos próprios usuários, de órgãos gestores, agências e da academia. Com o objetivo de divulgar experiências, ideias e novas perspectivas para o aprimoramento, maior efetividade e integração dos instrumentos de gestão de recursos hídricos, a presente seção técnica pretende reunir trabalhos com enfoque no rico arcabouço de instrumentos de gestão das políticas públicas brasileiras relacionadas aos recursos hídricos. Com esta proposta, a presente seção contribuirá para que novas ideias e perspectivas possam tornar os instrumentos de gestão e a própria PNRH como um todo mais efetiva.
Governança das águas envolve tanto a gestão administrativa do Estado como a capacidade de articular e mobilizar os atores estatais e sociais para resolver os dilemas de ação coletiva. A governança pública procura compatibilizar os critérios de democratização com os de busca de melhor desempenho das políticas, no caso as relativas a questão hídrica, acreditando que o Estado tem um papel de liderar o processo de resolução dos problemas coletivos, mas deve fazê-lo a partir da interação com a sociedade.
A governança prepara a gestão. Se a governança não for compreendida, a política pública pode virar um conjunto de desejos que não consegue se articular nem resultar naquilo que se deseja. Por isso é tão importante que os entes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) reconheçam e monitorem a governança das águas, incorporando indicadores e parâmetros que permitam avaliar e ajustar continuamente a política e a governança das águas.
Esta sessão é proposta com o objetivo de reunir trabalhos que se dediquem à observação e ao monitoramento da governança das águas no Brasil. Nesse contexto, destaca-se o Observatório de Governança das Águas (OGA Brasil), um movimento em rede nacional que reúne 58 instituições do poder público, setor privado e organizações civis e 17 pesquisadores que atuam na gestão das águas no Brasil. A missão do OGA é gerar, sistematizar e difundir informações das práticas de governança das águas pelos atores e instâncias do SINGREH, por meio do acompanhamento de suas ações. Ressalte-se que não existe nenhuma outra organização similar no país, inteiramente dedicada à água.
Uma sessão técnica dedicada à governança das águas, sob a perspectiva de observação de práticas no país, poderia trazer importante contribuição tanto metodológica (indicadores, protocolos de monitoramento, etc.) quanto analítica (observação da governança e resultados de monitoramento em comitês de bacias hidrográficas ou outros).
Os planos de recursos hídricos são o instrumento de gestão (IG) de maior conteúdo estratégico para orientar a política e o gerenciamento de recursos hídricos, o que inclui, entre outros, a aplicação coordenada dos demais IGs (enquadramento, outorga, cobrança, etc) e a articulação com políticas correlatas tais como meio ambiente e saneamento. Portanto, planos de bacia hidrográfica (PBH) são essenciais para tornar efetiva a gestão integrada em bacias ou regiões hidrográficas, observando os planos estaduais e o Plano nacional.
PBHs vêm sendo elaborados há mais de 25 anos no Brasil, totalizando 12 interestaduais e 151 estaduais até 2019. Contudo, sua implementação não tem acompanhado o ritmo de elaboração, ao ponto de serem denominados pela OCDE como ‘tigres de papel’ ou ‘promessas para os outros cumprirem’.
Por outro lado, observa-se recentemente avanços significativos tanto em termos de concepção e elaboração quanto de estratégias de implementação, visando maior efetividade deste instrumento de gestão. Tais avanços são observados por meio de propostas, como no estudo “Diálogos (…)” do Banco Mundial, ou de experimentações recentes na elaboração de PBHs, em particular sob a condução da ANA e de organismos de bacia.
Avanços estão também associados à implantação progressiva da cobrança pelo uso de água, que oferece novas perspectivas de financiamento dos PBHs, e à criação de agências de bacia ou ao estabelecimento de órgãos estaduais atuando como agências de bacia, que têm mobilizado novas capacidades técnicas para aprimorar o processo de planejamento. Paralelamente, os riscos de agravamento da escassez hídrica em diversas regiões podem vir a ser um indutor de maior compromisso dos diferentes setores com a elaboração de PBHs e sua implementação efetiva.
Nesse contexto, esta sessão visa reunir resultados de estudos e reflexões de práticas de planejamento de recursos hídricos na escala de bacias hidrográficas, com o intuito de responder ou dar elementos de resposta às seguintes questões: como tornar os PBHs mais estratégicos para a gestão de recursos hídricos e o que fazer para que sua implementação seja mais factível e operacional?
A pesquisa sobre a variabilidade espaço-temporal de processos hidrológicos é motivada pelas relevantes implicações sobre os recursos hídricos e sua gestão, incluindo a previsão e o gerenciamento do risco de eventos extremos como secas e cheias, e o planejamento da geração hidroelétrica. Nesse contexto, destacam-se os estudos sobre as mudanças nos padrões hidrológicos decorrentes de tendências, saltos (step changes) e variabilidade cíclica, incluindo oscilações de baixa frequência, como decenal e multidecenal.
O entendimento científico de tais processos inclui a detecção de sua ocorrência em séries temporais de dados históricos e paleoclimáticos, assim como a atribuição de potenciais fatores responsáveis pelos padrões observados. Nesse sentido, esta sessão especial busca reunir trabalhos científicos e técnicos que possam contribuir para o avanço do conhecimento relacionado a mudanças hidrológicas. Exemplos de potenciais trabalhos para a sessão incluem estudos teóricos e aplicados de detecção de tendências (monotônicas, polinomiais, saltos, cíclicas, etc) em séries históricas de precipitação e vazão, com aplicação de técnicas tradicionais e novas de detecção de tendências (testes de hipóteses, transformada wavelet, etc) e análise de processos naturais (ex. variabilidade climática) e antrópicos (ex. mudanças no uso do solo e de usos consuntivos), associados ou correlacionados com as mudanças hidrológicas observadas. Também são esperados trabalhos que investiguem as causas de tendências ou mudanças de comportamento hidrológico, relacionando-as com variáveis climáticas, essas muitas vezes expressas por índices como El Niño Oscilação Sul (ENOS/ENSO), Oscilação Decenal do Pacífico (ODP/PDO), Oscilação Multidecenal do Atlântico (OMA/AMO) e outros índices oceano-atmosféricos.
A sessão tem ainda o objetivo de reunir trabalhos que motivem a discussão sobre diferentes abordagens metodológicas, bases de dados disponíveis e inovações em técnicas e ferramentas de análise de séries temporais, propiciando a integração do conhecimento voltado à melhoria da previsibilidade sazonal e de eventos hidrológicos extremos.
As projeções sobre o clima ao longo das próximas décadas sugerem que eventos hidrológicos extremos possam ter um aumento de magnitude e, ou, frequência. Entretanto, a relação entre eventos meteorológicos e climáticos extremos e eventos hidrológicos extremos não é linear, ou simples. Do ponto de vista da gestão da água e da segurança hídrica com relação aos desastres naturais é importante avaliar de que forma as projeções de clima se relacionam com as projeções de variáveis hidrológicas, como vazões máximas e índices de seca.
Também é importante responder qual é a extensão esperada do aumento de magnitude e frequência dos eventos extremos em função das mudanças climáticas em diferentes regiões do Brasil, em diferentes escalas temporais e espaciais, e em diferentes tipos de eventos hidrológicos extremos (secas, cheias, escorregamentos).
Esta sessão técnica representa uma oportunidade para que estudos da relação entre mudanças climáticas e eventos hidrológicos extremos possam ser apresentados e discutidos, buscando enriquecer as análises individuais dos grupos de pesquisa.
Inundações são fenômenos naturais que aportam grande quantidade de energia e matéria aos terrenos atingidos. As áreas úmidas associadas a várzeas de rios, pântanos, veredas e charcos são grandes provedoras de serviços ecossistêmicos. Por outro lado, a relação próxima entre a sociedade e as áreas inundáveis faz com que estas configurem-se como áreas vulneráveis a desastres.
O avanço da capacidade computacional e das formulações de modelos hidrodinâmicos, associado à profusão de dados de sensores remotos como veículos aéreos não tripulados (VANTs) e satélites orbitais, tem promovido grandes desenvolvimentos na compreensão da dinâmica de inundações em múltiplas escalas. Os avanços ocorreram nas diversas escalas, de planícies de inundação em rios em áreas urbanas a grandes áreas úmidas como o Pantanal Mato-Grossense, abrangendo até mesmo estudos em escala global. Pretende-se com esta sessão motivar a discussão sobre a temática de inundações e as grandes oportunidades que a integração de sensores remotos e modelos hidrodinâmicos e hidrológicos trazem para a compreensão do fenômeno de inundação.
Esta sessão busca contribuições que abranjam, mas não sejam restritas, a:
Diversas questões relacionadas a recursos hídricos e desastres naturais transcendem as fronteiras de bacias hidrográficas, sendo melhor compreendidas através de uma visão integrada em escala nacional ou continental. Eventos como cheias e secas de grande abrangência, transformações impulsionadas pela expansão de usos d’água para produção de alimentos e energia, mudanças climáticas, os impactos de novas legislações e ações relacionadas à gestão e regulação dos recursos hídricos, além do compartilhamento da água nas grandes bacias transfronteiriças, são alguns dos inúmeros exemplos que requerem compreensão, caracterizações, diagnósticos e planejamento integrado em escala nacional ou continental. Neste sentido, avanços em ferramentas de modelagem hidrológica, sensoriamento remoto e na interpretação e análise de grande volume de dados têm permitido o desenvolvimento de estudos e sistemas de informação nesta escala.
Esta sessão será uma oportunidade para reunir cientistas, hidrólogos, engenheiros, gestores e profissionais para discutir como as técnicas e conhecimentos mais atuais sobre fenômenos hidrológicos podem ser traduzidas para o gerenciamento e tomada de decisão nas escalas nacional, continental ou em grandes bacias transfronteiriças e nacionais da América do Sul.
As contribuições esperadas nesta escala incluem:
Monitor de Secas);
A sessão busca situar a modelagem do fluxo de água subterrânea no contexto hidrológico nacional e internacional. A componente de água subterrânea necessita ser melhor entendida dentro do ciclo hidrológico. Nessa perspectiva, propôs-se a criação da Comissão de Hidrologia Subterrânea no âmbito da Associação Brasileira de Recursos Hídricos.
Os mananciais hídricos subterrâneos são tradicionalmente utilizados como fontes de abastecimento de água para o uso doméstico, industrial ou agrícola, em geral de modo complementar ao manancial de superfície. A qualidade de suas águas, aliada à facilidade de extração em locais em escassez de águas de superfície, tem sido um fator importante e decisivo para o desenvolvimento de sistemas de extração em larga escala e de reduzidos custos visando satisfazer, quase sempre, demandas cada vez mais elevadas. A qualidade e quantidade das águas subterrâneas, entretanto, podem ser comprometidas caso a explotação não seja fundamentada em estudos preliminares de planejamento e uso sustentável dos mananciais.
É importante que seja assegurada às gerações futuras uma disponibilidade hídrica em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos, bem como a proteção dos mananciais contra fontes de poluentes. Cabe ressaltar, ainda, que a recuperação de aquíferos contaminados ou superexplotados é complexa, tendo em vista a lenta renovação de suas águas, com velocidades de fluxo extremamente reduzidas, bem como os elevados custos de remediação.
A avaliação integrada de mananciais subterrâneos e superficiais constitui a forma mais adequada da gestão de recursos hídricos de uma região. A gestão deve sempre ser estabelecida com base na avaliação de condições hidrogeológicas específicas, bem como de possíveis impactos ambientais associados ao desenvolvimento e implantação de equipamentos de extração para satisfazer demandas múltiplas e usos cada vez mais competitivos de água. De fato, o planejamento deve ser realizado com base na representação conceitual físico do domínio, incluindo processos de fluxo e de transporte de massa que ocorrem no meio poroso, fraturado e/ou cárstico.
A antecipação da condição de vazão em rios é muito valiosa, seja para a otimização do uso de recursos hídricos e energéticos ou para a mitigação de impactos negativos de eventos hidrológicos, pois permite a emissão de alertas, tomada de decisão na operação de obras hidráulicas, execução de planos de reposta a emergências, entre outras preparações.
Para prover previsões de vazão de boa qualidade e em tempo apropriado é necessário prever corretamente o comportamento de um sistema natural complexo, modificado por ações humanas, que é uma bacia hidrográfica. Além disso, as previsões de vazões devem ser feitas utilizando informações incompletas e incertas de variáveis meteorológicas e hidrológicas. Destaca-se também que a qualidade dessas informações precisa ser analisada e, em muitos momentos, a mesma precisa ser revisada.
Esta sessão será uma oportunidade para reunir cientistas, hidrólogos, engenheiros, meteorologistas, e demais profissionais interessados em explorar o uso de técnicas de previsão hidrológica ou hidrometeorológica e suas aplicações. São bem-vindos todos os tipos de aplicações de técnicas e estudos de caso.
A sessão busca trabalhos que envolvam previsões nas escalas de prazos curto, médio, sub sazonal e sazonal.
As contribuições abrangem, mas não estão restritas, aos seguintes tópicos:
– Desenvolvimento de modelos e sistemas de previsão;
– Avaliação do desempenho e qualidade de previsões;
– Investigação em previsão por conjunto (ensemble);
– Técnicas para melhorar a aptidão dos sistemas de previsão;
– Estratégias para equilibrar o conhecimento humano e a automação em sistemas de previsão.
A sessão busca trabalhos que envolvam tanto aspectos metodológicos gerais quanto estudos de casos. Estudos de caso com diferentes usuários, escalas espaço-temporais, intervalos de previsão, regimes hidrológicos e meteorológicos são bem-vindos.
Atenta-se ao fato que previsões ou projeções climáticas (como de mudanças climáticas) não são o interesse
O estudo dos processos erosivos e deposicionais em ambiente marinho são foco de pesquisa crescente nas últimas décadas, principalmente pelos seus impactos ambientais e econômicos. Dentre os principais mecanismos desencadeadores desses processos destacam-se: aporte fluvial, colapsos de taludes e frentes deltaicas, atuação de ondas e correntes oceânicas. No ambiente marinho, os sedimentos suspensos geram correntes de densidade, que se deslocam na encosta em direção ao fundo oceânico. Geralmente são fluxos de grandes dimensões, da ordem de dezenas de metros, capazes de erodir e transportar grande quantidade de sedimentos, deslocando-os por centenas de quilômetros. Podem causar impacto sobre estruturas instaladas ao longo da costa, tais como: plataformas de petróleo, cabos de comunicação, emissários submarinos, bem como zonas de desenvolvimento de fauna e flora aquática. Os depósitos gerados também são interesse de estudo, pois representam potenciais reservatórios de hidrocarbonetos. No Brasil, a viabilização de exploração destes reservatórios é ramo crescente de pesquisa, inclusive para estudos de modelagem das correntes geradoras, pois o petróleo é o principal combustível energético utilizado atualmente. A observação e registro in loco destas correntes é bastante difícil pois são eventos de baixa frequência de ocorrência, de grande magnitude e que ocorrem em grandes profundidades. A investigação das correntes de densidade e dos seus mecanismos de geração, a partir da modelagem, desempenha papel fundamental no entendimento dos processos de erosão, transporte, e deposição dos sedimentos, uma vez que podem ser produzidos de forma controlada em escala reduzida. Os dados gerados podem ser comparados com dados do ambiente natural, ampliando o conhecimento dos mecanismos hidrodinâmicos e deposicionais. Essa sessão reunirá trabalhos provindos de diversas áreas, como engenharias, geologia e oceanografia, facilitando o compartilhamento dos avanços científicos obtidos a partir da modelagem física e numérica, no que tange a erosão, o transporte e a deposição de sedimentos em ambiente marinho.
A conectividade hidrológica e hidrossedimentológica são definidas como a transferência física de matéria (e.g. água e sedimentos) entre diferentes compartimentos da paisagem na bacia hidrográfica. Os fenômenos que regem a conectividade atuam em diversas escalas e são peças-chave para o entendimento da dinâmica da água e sedimentos em bacias hidrográficas. A conectividade estrutural (espacial) foi apresentada na comunidade internacional sob uma perspectiva geomorfológica, principal área que vem abordando este tema. Porém, a funcionalidade (temporalidade) da conectividade é dependente dos processos hidrológicos, e abordagens estruturais podem não ser suficientes para representar a conectividade de água e sedimentos em bacias hidrográficas. Portanto, existe a necessidade de uma ampla discussão também sob a perspectiva da hidrologia, visto que, principalmente no Brasil, o maior vetor de conectividade é a água. As variadas formas de (des)conectividade natural podem ter grandes implicações espaciais e temporais nos processos naturais, incluindo os recursos hídricos, sua quantidade e qualidade. Assim, além do interesse científico, a conectividade é uma ferramenta potencial aos gestores de recursos hídricos, pois considera a paisagem de maneira integrada, vinculando diversas áreas e auxiliando no entendimento da dinâmica dos sistemas naturais. Nesta sessão, buscam-se contribuições que levem em conta o entendimento da conectividade considerando a elevada diversidade geográfica (solo, relevo, clima e vegetação) das bacias brasileiras. Espera-se, ainda, que os trabalhos submetidos sejam interdisciplinares e possibilitem o avanço no entendimento da conectividade em diferentes escalas espaciais, e, principalmente, quanto a variabilidade temporal, resultado da dinâmica dos processos hidrológicos. Assim, a sessão possibilitará avanços na discussão acerca do papel da conectividade no gerenciamento interdisciplinar e integrado de sistemas naturais.
Conhecer os padrões espacial e temporal da produção e do fluxo de sedimentos em bacias hidrográficas é importante para gestores e tomadores de decisão, pois permite compreender seus impactos no tratamento de água para abastecimento, na navegação, na geração de energia hidrelétrica, no funcionamento ecológico e no ciclo biogeoquímico, nas avaliações de mudanças de uso e cobertura do solo, de escorregamentos de encostas, de assoreamento de cursos de água e reservatórios, entre outros.
Para lidar com estas questões, as técnicas e modelos matemáticos complementam o monitoramento, buscando fazer o melhor uso possível dos seus dados primários que são, geralmente, muito escassos. O uso de modelos associados à diferentes fontes de informações, incluindo aquelas derivadas de sensoriamento remoto, tem facilitado a inferência sobre o passado, o presente e o futuro da dinâmica de sedimentos em diferentes escalas.
Considerando o exposto, esta proposta de sessão técnica busca reunir interessados na temática de desenvolvimento e aplicação de modelos hidrossedimentológicos, fortalecendo a comunidade científica nacional e o papel da Comissão Técnica de Engenharia de Sedimentos (CES) da ABRhidro, que tem como objetivo aproximar pesquisadores, técnicos, estudantes e gestores na troca de experiências e a discussão de temas relevantes para a solução de problemas decorrentes do processo erosivo, considerando as fases de desagregação, transporte e deposição de sedimentos.
As contribuições esperadas para essa sessão abrangem os mais diversos tópicos, tais como: desenvolvimento, aplicação e validação de modelos hidrossedimentológicos; estudo da dinâmica e conectividade dos sedimentos por meio de modelos; quantificação dos fluxos de erosão e sedimentação no espaço e no tempo; avaliação de dados e produção de informações para uso na modelagem; métodos de calibração e avaliação de modelos; entre outras. Trabalhos envolvendo aspectos metodológicos gerais quanto estudos de casos com diferentes aplicações, uso de informações, escalas espaço-temporais e regimes hidrológicos e climáticos, serão bem-vindos.
Esta sessão técnica foi concebida a partir da necessidade de ampliar as discussões acerca dos aspectos hidráulicos envolvidos em obras e instalações relacionados à infraestrutura hídrica. As obras de integração do Rio São Francisco reforçam a importância desta discussão. Os recentes acidentes com barragens (no Brasil e no mundo) reforçam ainda mais a urgência no avanço neste tema.
Os aspectos sociais e ambientais relacionados à hidráulica destas estruturas estão diretamente ligadas à segurança destas obras e estruturas. A manutenção da operação em condições adequadas e seguras garante a continuidade do benefício por elas proporcionado.
Espera-se que esta sessão técnica possa reunir contribuições científicas nacionais e internacionais relacionadas com obras de infraestrutura hídrica, notadamente quanto a obras que ampliem a disponibilidade hídrica, tais como barragens e canais (dentre outras). Também se espera que aspectos relacionados à manutenção e operação destas obras sejam contemplados a partir de experiências oriundas de diversas instituições de pesquisa, projetistas e construtoras.
Os sistemas de distribuição de água são fundamentais para o desenvolvimento social e econômico de cidades. Sua concepção, operação e gestão devem ser eficientes, não apenas por razões econômicas, mas também ambientais, uma vez que água e energia estão intrinsicamente relacionados nestes sistemas, dois insumos de grande relevância no cenário atual de escassez hídrica e mudanças climáticas. Além disso, devido ao seu potencial de disseminação de contaminantes, as redes devem ser seguras para os consumidores, sendo capaz de reagir a eventos anômalos decorrentes da operação, ou até mesmo de ataques terroristas que possam causar problemas de saúde. Com o desenvolvimento da tecnologia da informação, os sistemas têm se tornado cada vez mais eficientes, autônomos e seguros, com destaque para os benefícios que a análise de dados traz para melhor entendimento do sistema. Ainda assim, problemas como detecção e localização de vazamentos, operação de bombas e válvulas, dimensionamento de sistemas, automação de estações elevatórias, operação em eventos emergenciais e transitórios, dentre outros, ainda têm vasto campo para crescimento. Desta forma, nesta sessão técnica esperam-se contribuições que visem a melhoria da concepção, operação e gestão de sistemas de distribuição de água.
Ainda incipiente no Brasil, o tema de ataque de iniciativa terrorista em sistemas de abastecimento de água é uma das ações com alto impacto e que apresenta baixo nível de proteção nos sistemas.
Embora o terrorismo seja temas constantemente estudados e debatidos por especialistas, no entanto, recebe pouca atenção a questão do SAA e pode causar perturbações e mortes. É o terrorismo pela água, em que o sistema de abastecimento é ameaçado pela intrusão de contaminação química e biológica, ataques cibernéticos nos controles do sistema e a sabotagem físicas nas instalações. As redes de abastecimento de água apresentam diversos pontos vulneráveis, como reservatórios e hidrantes, uma grande abrangência e variados pontos de acesso, tornando a identificação de uma contaminação rede, acidental ou intencional, um processo complexo e tema de algumas pesquisas internacionais.
Pesquisas recentes dissertam sobre a aplicação de sensores que monitoram a qualidade da água em tempo real, comparando a variação da concentração de cloro, turbidez, pH, condutividade ou outros parâmetros que possibilitem o
reconhecimento de anomalias na qualidade da água.
Considerando que trabalhos internacionais tratando do assunto tem sido identificados, A ABRH e o SBRH devem com símbolos da inovação e vanguarda no tema de recursos hídricos levantar a importância da discussão do tema, que pode ser motivador inclusive da mudança da legislação brasileira.
A limnologia e a mecânica dos fluidos ambiental focam em processos e interações que vão além da hidráulica tradicional. Especificamente, são incluídos processos de mistura e transporte de substâncias dissolvidas ou em suspensão, sendo analisados aspectos físicos, incluindo turbulência, dispersão e estratificação térmica e química. E estes são agregados e integrados com a análise de processos de transferência nas interfaces (superfície, fundo e interfaces de densidade). Os ambientes em consideração são lagos, reservatórios e águas costeiras, com foco nos estuários, bem como sistemas fluviais onde as características de transporte são influenciadas pela densidade.
Esta sessão visa conectar pesquisas que envolvem monitoramento e modelagem de sistemas aquáticos sob uma perspectiva quantitativa, enfatizando como os processos físicos interagem com a dinâmica biogeoquímica em escalas microscópicas e macroscópicas. Neste contexto, a ABRHidro é pioneira em acolher pesquisadores e profissionais atuantes nesta temática e deve ser referência contínua para este grupo técnico. São esperadas contribuições com abordagens teóricas ou aplicadas que visam à compreensão de fenômenos complexos, oferecendo previsibilidade e apoio à tomada de decisão. Os temas abrangem, mas não estão restritos a:
A urbanização mostrou nas últimas décadas tendência crescente e irreversível, na grande maioria dos países. Impactos negativos desse processo atingem todos os aspectos da qualidade de vida dos cidadãos, sendo especialmente verificados nos recursos hídricos – disponibilidade, qualidade, excesso ou escassez. As consequências da ausência de planejamento integrado dos serviços de saneamento básico e da gestão territorial, acompanhada de medidas equivocadas com intervenções locais que causam externalidades, determinam cenários de caos urbano, com aumento de doenças e degradação da paisagem. Estudos recentes, e outros nem tanto, apontam soluções alternativas e inovadoras para reduzir efeitos da urbanização desastrosa. São elas: sistemas de drenagem urbana sustentável (SUDS) ou desenvolvimento de baixo impacto (LID), com soluções baseadas na natureza (SBN), estruturas verdes, que utilizam a vegetação e o solo para armazenar, promover a infiltração ou a evapotranspiração da água de chuva ou sua coleta para reuso, reduzindo o aporte imediato aos sistemas de drenagem e aos cursos d’água; gestão integrada holística de recursos hídricos em escala urbana e de bacia hidrográfica; economia circular; urbanização sustentável; cidades inteligentes – todos alinhados com o ODS 11, Meta 11.6 reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades, que, em especial, implicaria reduzir o volume de cheias exportado para cidades a jusante, incorporar medidas de uso racional da água, tratar efluentes, reduzir a produção de resíduos sólidos para adequada destinação, efetivamente incorporando princípios da gestão integrada de recursos hídricos. Essas medidas podem ser difundidas e concretizadas com sua incorporação aos planos diretores e municipais de saneamento básico, exigidas em regulamentos sobre prestação dos serviços de saneamento e concessão de outorga de uso da água, com incentivos diretos ao cidadão como medidas compensatórias – redução de taxas e impostos, pagamento por serviços ambientais, com campanhas de conscientização e valorização de participação, e incentivos fiscais ao município.
Desastres relacionados a cheias e inundações têm aumentado significativamente nas últimas décadas no mundo inteiro, o Brasil sendo a segunda economia emergente com maior potencial de perdas devido a esses desastres. Além de atuarem em diversas escalas e não serem completamente entendidos, muitos dos mecanismos que controlam as cheias estão mudando devido a interações complexas entre o clima, uso da terra e atividades humanas. Assim, a compreensão dos processos formadores das cheias tem potencial de produzir grandes ganhos para a sociedade, caso permita explicar como essas mudanças ocorrem e assim apontar as melhores medidas mitigadoras para aumento do risco de cheias e as melhores práticas para o gerenciamento dos recursos hídricos. O objetivo desta sessão é analisar os principais processos que governam as cheias no Brasil, incluindo detecção, atribuição e mudança dos padrões espaciais e temporais em diversas escalas. Esta sessão busca trabalhos de caracterização, estimativa e também de aspectos técnicos e operacionais que envolvam estudos de casos de cheias em diferentes regiões. As contribuições devem idealmente discutir os desafios e os benefícios das metodologias para a identificação e caracterização das cheias no Brasil. Alguns aspectos a serem discutidos na sessão técnica incluem:
Inundações ainda são responsáveis por perdas consideráveis. A modelagem e o mapeamento do risco de inundações são instrumentos fundamentais às decisões relacionadas à gestão dos riscos de inundações. A natureza multidisciplinar do risco de inundações foi enfatizada ao longo das últimas décadas, tendo sido objeto de pesquisas nas mais diversas áreas do conhecimento. Em áreas urbanas, os desafios em termos de avaliação e gestão de inundações são ainda mais amplos trazendo incertezas diversas ao processo de avaliação do risco. Os métodos e modelos hidrológicos e hidráulicos utilizados para tal foram consideravelmente aprimorados, tendo sido objeto de inúmeras pesquisas no Brasil e no exterior. Além do aspecto hidrodinâmico, a avaliação da exposição, da vulnerabilidade e resiliência de populações potencialmente afetadas por inundações demonstrou também ser elemento fundamental à gestão do risco. Incentivando e tendo sido incentivados por evoluções em termos de legislações e regulamentações, o desenvolvimento do conhecimento relacionado ao risco de inundações continua a se aprimorar, enfrentando ainda desafios de ordem científica, técnica e operacional. A avaliação conjunta dos diferentes aspectos relacionados a inundações urbanas, dos métodos e modelos utilizados para seu mapeamento e de incertezas associadas constitui o objetivo principal dessa sessão. São esperadas contribuições sobre pesquisas e aplicações relacionadas à modelagem e ao mapeamento de inundações em áreas urbanas com enfoque: (1) nas componentes naturais do risco exploradas por meio de modelagem hidrológica-hidrodinâmica e no mapeamento das ameaças de inundações; (2) nas componentes sócio-estruturais do risco por meio de avaliação de exposição e vulnerabilidade; (3) nas componentes sócio-organizacionais do risco relacionadas à capacidade de mitigar impactos de inundações por meio do desenvolvimento de obras, sistemas de alerta, evacuação e outros; e (4) nas componentes institucionais e econômico-financeiras relacionadas ao risco, no que concerne o desenvolvimento de planos, programas e políticas voltadas à gestão do risco de inundações.
A Política de Segurança de Barragens, recentemente atualizada pelo congresso, trouxe inúmeros desafios para a área de hídricos, dado o universo de barragens cadastradas no país, em torno de 20 mil.
A qualidade das informações obtidas pelos estudos hidrológicos e hidráulicos são decisivos para a tomada de decisão com vistas estabilidade das estruturas, da definição de estratégias e planejamento de ações a serem inseridas nos planos de segurança de barragens, incluindo os planos de ação emergencial e a relação com defesa civil.
Para essa seção técnica espera-se contribuições voltadas, mas não estão restritas, a aspectos metodológicos, tecnológicos, de processos e de governança da segurança de barragens, que podem envolver:
Acidentes com barragens nas últimas décadas no Brasil – alguns com perdas de vidas humanas – vêm provocando reflexões em diversos setores da sociedade, culminando com: o desenvolvimento de um maior número de pesquisas no meio acadêmico sobre o tema de segurança de barragens; a aprovação de legislações mais restritivas no que se refere à elaboração de Planos de Ações Emergenciais (PAE’s) desses empreendimentos; a maior demanda por serviços de consultoria de engenharia de forma a atender à necessidade de estudos de elaboração de PAE’s de barragens existentes e propostas; o fortalecimento profissional de equipes diretamente envolvidas na operacionalização de ações de diminuição de riscos previstas nos PAE’s; e a maior participação da sociedade civil nos processos de tomada de decisão relacionados à construção, manutenção e operação de barragens. Além do aumento da capacidade computacional, resultados mais robustos têm sido obtidos nas simulações de propagação de ondas de cheia proveniente de rupturas de barragens em função da evolução das ferramentas de representação das áreas potencialmente inundáveis a jusante desses empreendimentos. A modelagem física também tem sido responsável por avanços no conhecimento do comportamento de barragens quando da sua ruptura, incluindo as barragens de rejeitos. Apesar disso, face à complexidade do tema segurança de barragens, continuam os desafios associados às modelagens física e matemática da propagação de ondas de cheia provenientes de rupturas de barragens, como a modelagem em 3D e a modelagem de escoamentos considerando fundos móveis. Finalmente, permanecem dúvidas sobre o tipo de modelagem a ser utilizado no desenvolvimento de um PAE em função das características das barragens, em especial aquelas relacionadas à contenção de rejeitos. São esperadas contribuições relacionadas a incertezas da avaliação da propagação de ondas de cheia provenientes de rupturas de barragens, suas conexões com a legislação de segurança de barragens e suas implicações na elaboração de PAE’s.
Bacias experimentais são laboratórios para a pesquisa de processos hidrológicos e fenômenos naturais que ocorrem em diversas escalas – pontual, parcela, encosta e bacia. Essas bacias são geralmente de dimensão reduzida e de condições controladas, o que facilita o monitoramento espaço-temporal denso e intensivo dos armazenamentos e fluxos de água e nutrientes na zona crítica – e.g., levantamentos para mapeamentos de detalhe, ensaios in situ, técnicas de geofísica, e pesquisa de origem de fluxos com isótopos. As informações obtidas com o monitoramento são a base para o avanço da hidrologia, pois podem ser usadas na calibração e validação de modelos matemáticos e estimativas por sensoriamento remoto, além de subsidiar processos de regionalização de informações e simulação de cenários de mudança climática e uso e cobertura da terra.
As bacias experimentais são ideais para testes de equipamentos com inovação tecnológica e treinamento de equipes. Porém, a instrumentação, o monitoramento, a realização de ensaios e a coleta de amostras são atividades dispendiosas em termos de recursos humanos e econômicos. A maioria das pesquisas em bacias experimentais concentra-se em regiões temperadas onde, em geral, há mais recursos para a ciência, enquanto se observa a carência de pesquisas em bacias tropicais e em regiões costeiras. Editais de fomento ajudaram a disseminar a instalação dessas bacias em diversos biomas do Brasil, o que aumentou o histórico de observações. Muitas das publicações relvantes acerca dessas bacias comparam resultados, abordagens metodológicas, fontes de dados e ferramentas de tratamento. Porém, atividades de síntese e de comparação entre as análises feitas em diversas bacias no País ainda é escassa.
Esta sessão oferece a oportunidade de compartilhar experiências, inovações e desafios acerca deste tema. A expectativa é de reunir trabalhos que abordem aspectos metodológicos, científicos, estudos de caso e que demandem propostas de integração e soluções para a formação de redes.
Avanços tecnológicos na observação do sistema terrestre por sensoriamento remoto permitem um melhor monitoramento do ciclo hidrológico terrestre de maneira contínua, distribuída e detalhada, incluindo variáveis como precipitação, evapotranspiração, umidade do solo, altimetria e extensão de corpos hídricos, variações no armazenamento total de água, e qualidade da água. A partir da disponibilidade de dados espaciais, uma mudança de paradigma está atualmente em andamento, considerando que agora todos os corpos hídricos possuem informações que permitem compreender e analisar o ciclo hidrológico terrestre. Ainda persistem grandes desafios relacionados ao desenvolvimento de melhores métodos de estimativas hidrológicas via sensoriamento remoto, a definição de metodologias para operacionalização do uso dessas informações disponíveis e a formação de recursos humanos capacitados. Existem hoje mais que nunca muitas oportunidades para o uso efetivo dessas informações para estudos, diagnósticos e acompanhamento de sistemas hidrológicos, alterações ambientais e aplicações para tomada de decisão na gestão de recursos hídricos. Essa sessão será a oportunidade do ano para reunir cientistas, hidrólogos, engenheiros e demais profissionais interessados em conhecer e compartilhar técnicas de sensoriamento remoto para a observação do ciclo hidrológico terrestre. As contribuições abrangem (mas não estão restritas) os seguintes tópicos:
Contaminantes Emergentes de Interesse (CEI) ou micropoluentes orgânicos são constituídos por espécies químicas presentes em fármacos, cosméticos, produtos de limpeza, pesticidas, produtos de higiene pessoal entre outros, presentes em matrizes ambientais em concentrações traço e ultratraço. Estas substâncias apresentam propriedades toxicológicas, persistentes e bioacumulativas que podem causar efeitos deletérios no ecossistema. Águas residuárias domésticas e hospitalares são as principais fontes de entrada desta classe de espécies químicas no meio ambiente, podendo atingir corpos de águas superficiais ou subterrâneas. A presença de micropoluentes orgânicos em efluentes de estações de tratamento possuem variações espaciais e temporais significativas, as quais são essencialmente explicadas por vários fatores como a taxa de produção local, práticas e vendas de produtos específicos, metabolismo, consumo per capita de água, tecnologia de tratamento, persistência ambiental e eficiência de remoção no processo de tratamento. No Brasil, não há legislação específica para regular a concentração de CEI em efluentes. No ano de 2020, em um documento de subsídios para discussão e orientações para revisão do anexo XX portaria de consolidação nº 5, o Ministério de Saúde brasileiro discutiu a possibilidade de sete CEIs entrarem para o padrão de potabilidade do país, sendo eles os PhACs diclofenaco, dexametasona e betametasona e os EDs prednisona, estrona, etinilestradiol e estradiol. Atualmente na União Europeia não há obrigatoriedade de remoção de CEIs do esgoto, mas, por meio da diretiva 2013/39/EU (EUROPEAN PARLIAMENT, 2013) e da decisão 2018/840, listou alguns micropoluentes orgânicos como prioritários no monitoramento de ambientes aquáticos. Entre as substâncias há pesticidas, compostos com atividade farmacológica e hormônios, como etinilestradiol, estradiol, estrona, amoxicilina e ciprofloxacina. Assim esta sessão técnica especial visa discutir avanços do conhecimento sobre contaminantes emergentes de interesse no Brasil e no mundo, abordando ocorrência, distribuição espacial e temporal e, políticas públicas associadas à sua regulamentação.
O Aprendizado de Máquina (Machine Learning – ML) tem tido destaque nesta última década em diversas áreas do conhecimento, não sendo diferente na área de recursos hídricos. Aprendizado de Máquina é o estudo de métodos e algoritmos computacionais que aprendem automaticamente através da experiência. Tipicamente envolvem a construção de um modelo computacional a partir de dados com a capacidade de fazer previsões futuras. Métodos de ML aprendem com dados de treinamento apresentado a eles a fim de capturar as relações funcionais entre os dados, mesmo que estas relações não sejam conhecidas ou o significado físico seja difícil de explicar.
O objetivo desta sessão técnica é criar um espaço de discussão para abordar a integração e a aplicação do Aprendizado de Máquina no contexto dos recursos hídricos. São esperadas contribuições de trabalhos relacionados ao desenvolvimento de novas teorias, novas metodologias ou aplicações práticas de ML e sua sub-área Aprendizado Profundo (Deep Learning – DL) na hidrologia. Isso pode incluir, mas não está limitado, os seguintes tópicos:
As aplicações podem pertencer a qualquer área da hidrologia ou recursos hídricos: modelagem hidrológica, previsão de vazão, modelagem de sedimentos, análise de conjuntos de dados meteorológicos e hidrológicos, relações entre previsão numérica de tempo e modelos hidrológicos, calibração de modelo, incerteza de modelo, otimização de recursos hídricos, etc.
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